Ok, entendo
Voltar ao topo
Notícias / 12.2020

“Estamos ao nível do melhor que se faz neste setor”, Abílio Cardoso - CEO da Veneporte

“Estamos ao nível do melhor que se faz neste setor”, Abílio Cardoso - CEO da Veneporte

Este ano, para além do reforço da gama Euro 5 nos diferentes componentes do sistema de escape, a Veneporte disponibilizou para o mercado de reposição a gama Euro 6, onde se incluem os novos CAT’s, DPF’s e muito especialmente os SCR’s.

Em entrevista ao Jornal das Oficinas, Abílio Cardoso destaca a evolução sem precedentes da empresa, num ano fustigado pela pandemia de Covid-19.

A experiência acumulada ao longo de mais de 50 anos de atividade em projetos OEM/OES que é transportada para o aftermarket, assim como, o facto de ser um Global Range Supplier, conferem à Veneporte o estatuto de líder no fabrico de componentes para sistemas de escape. Tem permanentemente em stock mais de 160 mil peças, que lhe permitem ter uma rápida resposta para qualquer parte do mundo.

O que diferencia os produtos Veneporte de outras marcas no mercado de reposição?

Fundamentalmente a qualidade e ainda o facto da Veneporte homologar a 100% todos os produtos que produz e comercializa de acordo com as diretivas em vigor, o que naturalmente é um forte sinal de confiança para todos os seus clientes. Ao longo de muitos anos transportámos para o mercado de reposição (IAM), o conhecimento e a aprendizagem conseguida com os nossos clientes OEM e OES, não só ao nível do desenvolvimento dos produtos, mas também ao nível do controlo dos processos e o resultado é o desenvolvimento e produção de produtos muito próximos dos originais e fortemente reconhecidos pelos nossos clientes.

Em 2019 a Veneporte registou um crescimento de mais de 7% nas suas vendas em relação ao ano anterior. Quais são as previsões para este ano?

Naturalmente que a pandemia Covid-19 teve impacto na atividade da empresa, particularmente registada entre o final de Março e início de Maio. Contudo, estamos a conseguir compensar a perda ocorrida durante esse período com uma excelente recuperação, particularmente após o mês de Junho. Caso não existam novos momentos de confinamento, acreditamos que vamos terminar o ano com excelentes resultados.

O ano de 2019 foi marcado pela inauguração de novas instalações. Que mais valia trouxe para a empresa esta remodelação das instalações?

As novas instalações trouxeram melhores condições de trabalho para os colaboradores da Veneporte e naturalmente que isso criou uma dinâmica mais interativa entre as diferentes equipas e com resultados fantásticos. Por outro lado, também permitiu reforçar a imagem da empresa junto dos seus clientes.

Num estudo realizado sobre a Notoriedade das Marcas IAM em Portugal a Veneporte destaca-se na categoria de Escapes, Catalisadores e Filtros de Partículas Diesel. O que representa este resultado para a Veneporte?

É um claro sinal de reconhecimento por parte dos nossos clientes de todo o trabalho desenvolvido pela Veneporte, não só ao nível da qualidade dos produtos produzidos, mas também no que respeita à estratégia comercial implementada. Continuaremos a trabalhar para que os nossos clientes nos reconheçam como uma empresa que produz produtos de elevada qualidade e de referência no setor.

No início deste ano a Veneporte oficializou o contrato de fornecimento da sua gama de filtros de partículas com o Grupo Renault para o aftermarket. O que representa este acordo para a Veneporte?

Novos contractos ao nível de clientes OEM/OES, são sempre importantes e seguramente o reconhecimento das nossas capacidades técnicas e tecnológicas. Este contrato com a Renault é para nós, naturalmente importante, não só porque reforça a nossa relação comercial com a marca, mas sobretudo porque estamos a falar de uma gama de produtos de nível técnico e tecnológico elevado. Seguramente que isso só é possível se estivermos ao nível do melhor que se faz neste setor, o que nos deixa sempre satisfeitos e com vontade de continuar o nosso caminho, o caminho da qualidade.

E a parceria com TecAlliance? Em que consiste e quais as vantagens e mais valias para os clientes?

A parceria com a TecAlliance permite aos clientes da Veneporte a utilização da plataforma B2B Order Manager e assim verificar a disponibilidade de stocks, consultar preços e encomendar automaticamente, 24 horas por dia, sete dias por semana, sem necessitar de qualquer outro contato com a empresa.  Graças a esta ferramenta, a comunicação com os nossos parceiros de negócio na gestão da cadeia de fornecimento fica simplificada, criando uma relação mais automatizada, eficaz e eficiente.

Alguns países europeus anunciaram que pretendem acabar com a venda de carros a combustão já a partir de 2025. Perante esta realidade, o que pretende fazer a Veneporte com o negócio dos sistemas de escape? Tenciona diversificar a atividade ou vai manter-se no ramo?

A Veneporte está atenta à evolução do setor, em particular à evolução dos motores a combustão vs elétricos. Perspetivamos que os motores a combustão terão ainda um período de vida de algumas décadas, mas naturalmente que estamos atentos a esta mudança e ao crescimento do elétrico. Face a isso, estamos já neste momento a organizar toda a nossa estrutura, no sentido de reestruturarmos parte do negócio da empresa a médio prazo.  Podemos já avançar que estamos a trabalhar numa nova área de negócio que julgamos que se tornará uma realidade, no próximo ano de 2021. Para esta nova área de negócio, contamos com o apoio de várias faculdades da Universidade de Coimbra.  Certamente no decorrer de 2021 daremos mais novidades quanto a este projeto.

Todas as gamas de produtos que a Veneporte produz estão homologadas. Quais os riscos do uso de componentes não homologados?

Na nossa opinião, o risco é enorme. Ao utilizar produtos não homologados as oficinas estarão a comprometer a performance e correto funcionamento dos veículos e potencialmente agravar o nível de emissões e de partículas, contribuindo assim gravemente para a saúde pública. É importante realçar que estamos a falar de produtos que não respeitam os requisitos exigidos aos equipamentos de origem nem as diretivas impostas pela União Europeia, para os produtos de reposição. A instalação de um equipamento não homologado está sujeito à aplicação de coimas e a responsabilidade recai não só sobre o cliente final, mas também sobre quem lhe prestou esse serviço. O que é lamentável em Portugal é que, não obstante aos muitos alertas dados às autoridades responsáveis, estas não levem a cabo qualquer fiscalização, permitindo práticas fortemente lesivas para o ambiente e para a saúde pública, que terão em muitos casos enquadramento de crime público. A Veneporte estará sempre disponível para dar contributos no sentido de eliminar estas péssimas práticas. São práticas que chocam com o nosso ADN.

A nível da opinião pública ainda existe um grande desconhecimento sobre as emissões de CO2 dos gases de escape. O que deve ser feito para esclarecer o consumidor sobre os danos que um sistema de escape defeituoso pode provocar no ambiente?

Deveria ser realizada uma campanha de sensibilização que tivesse como destinatários não só os consumidores, mas também todas as entidades que operam no sector, de forma a que estes ficassem realmente elucidados dos impactos extremamente negativos que esse tipo de produtos podem provocar no ambiente e na saúde pública. Para lá desse tipo de ações, seria importante que os centros de inspeção fossem rigorosos, no que ao nível de emissões e partículas diz respeito e ainda que as autoridades responsáveis pela fiscalização neste sector desenvolvessem um trabalho continuo e rigoroso. Por fim, a própria legislação deveria ser clara e de acordo com as diretivas comunitárias e isso por vezes demora muito a acontecer.

Mas a regulamentação sobre o controle de emissões CO2 e NOx nos Centros de Inspeção vai alterar-se. Considera que finalmente vai ser possível identificar filtros de partículas e catalisadores defeituosos na Inspeção Técnica de veículos?

Efetivamente há regulamentação nesse sentido, tal como disse anteriormente esperamos que o nível de rigor e controlo deste tipo de produtos seja claramente alterado. Estamos a falar de produtos/componentes que se não forem adequados podem ser fortemente lesivos ao ambiente e à saúde pública, o que na nossa opinião deveria merecer um rigoroso controlo por parte de todos os centros de inspeção. Os níveis de CO2, NOx e Partículas emitidos por um veículo que vai à inspeção têm de ser claramente controlados, caso contrário, todas as más práticas continuarão a existir e o sector irá continuar a dar um péssimo contributo e exemplo ao nosso país. Podem ser dados contributos importantes, mas se não houver um claro combate as estas graves situações, todos sairemos a perder, as empresas, as pessoas (saúde) e ainda o ambiente.

É um problema da sociedade que deveria merecer a atenção de todos e não apenas de alguns. Os responsáveis políticos e operacionais por estas matérias, deveriam estar mais atentos e mais reativos, até porque já foram alertados algumas vezes para a gravidade da situação.

Fonte: Jornal das Oficinas nº 180, edição de novembro de 2020